Na
realidade, ser a vitima pode, à primeira impressão, parecer a solução para
muitos problemas, uma vez que na maioria das vezes nos seres humanos temos,
muita dificuldade em lidarmos com as nossas próprias dores. Assim sendo,
é-nos insuportável o sofrimento alheio e é-nos
mais fácil aceitar as vitimas e nos tornarmos vitimas
nas questões da vida, tudo nos
parecendo, desta forma, mesmo muito mais
fácil. E este, na maiorias das
vezes, se torna o caminho
escolhido por nós.
Além
disso, é sempre bom lembrar que
no mundo dos ditos normais e dos homens de bem, uma vez vitima, o indivíduo em
questão estará livre das responsabilidades de ter criado o problema, pois a
vitima sofre a acção de alguém ou de
alguma coisa de fora dele e de suas capacidades, por isso nada há a fazer a não
ser necessitar da ajuda, do auxílio dos outros e ainda se possível da força de
Deus, para solucionar o seu problema.
Ele
está ali à mercê de terceiros e nada pode fazer a não ser chorar, reclamar e
pedir insistentemente, a força, a fé e a
culpa dos outros, para que ele se sinta redimido do que sofreu sem merecer ou por estar a padecer de um mal que
vem de fora, e que não podia acontecer a ele, um inocente ser humano que foi alvejado
pela bala perdida do destino, que insanamente o feriu sem pena, nem critério, apenas
pelo dom do acaso.
Pobre
vitima sem saída da sua dor se não tiver a ajuda de alguém ou alguma coisa para
lhe dar uma outra maneira de redimir a
sorte que lhe faltou…
Eu
não acredito num mundo sem destino, onde as cartas não estão marcadas e não
creio num Deus que permite que seus filhos tenham má sorte; pelo contrário,
chego mesmo a achar que o destino é tão perfeito que nunca falha o tiro, mesmo
quando a bala é chamada de perdida. Sem dúvida, eu creio em karma e na máxima
que diz “aqui se faz, aqui se paga”, o que não está dito nessa máxima é em que
vida isso será cobrado.
Desta
maneira, o morto de agora pode ter mesmo sido o assassino do passado, e nem o
facto de ser sempre bom nesta vida, lhe tira a oportunidade de pagar o que já fez
no passado. Sim, oportunidade, porque o bem e o mal na visão do karma depende
mesmo da lei da física ou seja, do referencial, de onde se vê e em relação a
quem se está a analisar a questão.
Na
verdade, isso tudo nos leva a outra máxima, que é: na realidade nada sabemos.
Por
isso, o mais importante a aprender sobre o estado de vítima é que, ser a vitima,
é não ser o agente da sua própria acção, que lhe tira o direito de deixar de
ser a vitima, e passar a ser o Ser que faz a sua própria história. Sem pena
de nós
mesmos, temos a força e a coragem para lutar e mudar tudo o que construímos de mau na nossa vida, e com a luz da consciência
dos nossos actos, de assimilar a nossa
responsabilidade e o poder para gerar o nosso bem.
Se a vida é uma escola e estamos aqui para
aprender, logo que saibamos a lição mudamos a matéria. Por
isso, aprender o “porquê” das coisas nem é muito importante, mais
importante é aprender o “para quê” das coisas que nos acontecem; desta maneira cortamos o mal
pela raiz e mudamos o cenário da nossa
história.
Não
sejam vitimas do vosso destino, usem a vossa
força e fé para lutar pela vossa dignidade e, em vez de pena, tenham compaixão da
vossa dor e saibam a hora de parar de sofrer, para aprender que a dor tem começo meio e fim. Assim,
tudo fica diferente e com certeza vocês irão voltar a sorrir e a fazer
sorrir.
Saibam que não há nada mais importante na vida do que gerar o bem.