quinta-feira, 2 de maio de 2013

A VÍTIMA


Na realidade, ser a vitima pode, à primeira impressão, parecer a solução para muitos problemas, uma vez que na maioria das vezes nos seres humanos temos, muita dificuldade em lidarmos  com as nossas  próprias dores.  Assim sendo,  é-nos   insuportável o  sofrimento alheio  e  é-nos mais fácil aceitar as  vitimas  e nos tornarmos   vitimas  nas   questões da vida, tudo nos parecendo, desta forma, mesmo muito mais  fácil. E este, na maiorias das  vezes,  se torna o caminho escolhido por nós.
 Além  disso, é sempre bom lembrar  que no mundo dos ditos normais e dos homens de bem, uma vez vitima, o indivíduo em questão estará livre das responsabilidades de ter criado o problema, pois a vitima sofre a acção de alguém  ou de alguma coisa de fora dele e de suas capacidades, por isso nada há a fazer a não ser necessitar da ajuda, do auxílio dos outros e ainda se possível da força de Deus,  para solucionar o seu problema.
Ele está ali à mercê de terceiros e nada pode fazer a não ser chorar, reclamar e pedir insistentemente, a força, a  fé e a culpa dos outros, para que ele se sinta redimido do que sofreu sem  merecer ou por estar a padecer de um mal que vem de fora, e que não podia acontecer a ele, um inocente ser humano que foi alvejado pela bala perdida do destino, que insanamente o feriu sem pena, nem critério, apenas pelo dom do acaso.
Pobre vitima sem saída da sua dor se não tiver a ajuda de alguém ou alguma coisa para lhe dar uma  outra maneira de redimir a sorte que lhe faltou…
Eu não acredito num mundo sem destino, onde as cartas não estão marcadas e não creio num Deus que permite que seus filhos tenham má sorte; pelo contrário, chego mesmo a achar que o destino é tão perfeito que nunca falha o tiro, mesmo quando a bala é chamada de perdida. Sem dúvida, eu creio em karma e na máxima que diz “aqui se faz, aqui se paga”, o que não está dito nessa máxima é em que vida isso será cobrado.
Desta maneira, o morto de agora pode ter mesmo sido o assassino do passado, e nem o facto de ser sempre bom nesta vida, lhe tira a oportunidade de pagar o que já fez no passado. Sim, oportunidade, porque o bem e o mal na visão do karma depende mesmo da lei da física ou seja, do referencial, de onde se vê e em relação a quem se está a analisar a questão.
Na verdade, isso tudo nos leva a outra máxima, que é: na realidade nada sabemos.
Por isso, o mais importante a aprender sobre o estado de vítima é que, ser a vitima, é não ser o agente da sua própria acção, que lhe tira o direito de deixar de ser a vitima, e passar a ser o Ser que faz a sua própria história. Sem pena de  nós  mesmos, temos a força e a coragem para lutar e mudar tudo o que construímos  de  mau na nossa vida, e com a luz da  consciência dos nossos  actos, de assimilar a nossa responsabilidade e o poder para gerar o nosso bem.
Se  a vida é uma escola e estamos aqui para aprender, logo que saibamos a lição mudamos a matéria.  Por  isso, aprender o “porquê” das coisas nem é muito importante, mais importante é aprender o “para quê” das coisas que  nos acontecem; desta maneira cortamos o mal pela raiz e mudamos  o cenário da nossa história.
Não sejam  vitimas do vosso destino, usem a vossa força e fé para lutar pela vossa dignidade e, em vez de pena, tenham compaixão da vossa dor e saibam a hora de parar de sofrer, para aprender que  a dor tem começo meio e fim.  Assim,  tudo fica diferente e com certeza vocês irão voltar a sorrir e a fazer sorrir.
Saibam que não há nada mais importante na vida do que gerar o bem. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Lendo o seu texto, compreendo que só há um estado de graça nesta vida: o do trabalho com alegria, galhardia e vontade de aprender". O resto é expectativa estéril e sofrimento.

De um Cavalo solto no pasto.